Um dia de outono.
Um ponto na reta finita - e irreversível - do tempo que é minha vida.
Maio, aqui, neste lugar ao Sul do Equador.
Minha vida ao sabor do tempo circular das estações, no ritmo do giro do planeta.
Outono: raios solares que lançam dias mansos ao espaço da esfera inclinada.
Frio que não gela, calor que não queima: forças que se anulam - equilíbrio.
Estio: folhas que caem depois que as águas se foram.
Tempo de quietude e silêncio. Leituras regadas a bebidas quentes.
Repouso do mundo, para que logo venham as flores: discurso eloquente da natureza.
Outono: mais alma que corpo; memórias sombreando desejos.
Na Terra, instantes que inspiram paz ao Universo e aos corações dos homens, turbulentos por natureza.
E homens - corações, mentes e braços - construindo e destruindo o mundo, no seu ritmo, que ignora e afronta desígnios outros que não os de seus interesses de agora.
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