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  • Foto do escritorValdemir Pires

O espetáculo do mundo




Para Josiane Maria de Souza


Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo”, disse Fernando Pessoa, em carne e osso, na pele de Ricardo Reis.


O espetáculo do mundo. Tanto a História, como este exato momento, instante que não se repetirá e pode não deixar registro algum. Nenhuma eternidade, neste rio que corre e em que, depois de mergulhar, jamais alguém retorna o mesmo, em qualquer das margens em que ponha de volta os pés molhados.

 

O espetáculo do mundo, apreciado do camarim ou da arquibancada, nunca o mesmo para todos, cada par de olhos, ouvidos e narinas e a respectiva boca - o coração batendo - recolhendo eventos, alegrias e sofrimentos de distinta maneira.


O espetáculo do mundo, nunca todo, jamais inteiro na alma de cada um, ser-fragmento na imensidão.


O espetáculo do mundo. Que mundo? O deste lugar entre fronteiras que se comprimem? Este planeta? Esta  galáxia? Ou o universo todo? Ou este mundinho de dentro do peito – apenas corporal ou com algo mais?


O espetáculo do mundo. Meu mundo, seu mundo, nosso mundo? Eu quem, nós quem?


Todo esse mundo de perguntas e respostas, inteiro e além dele. Enigmático espetáculo! Sábio é que se contenta com ele, na certeza de saber que nada sabe. E nem por isso se desespera: contenta-se, contendo a lágrima e não freando os possíveis sorrisos.


(Ouvem-se risos vindos não se sabe de onde. De quem: dos deuses, de Deus? É um circo, o mundo? Nele, o que somos: sábios palhaços?)  

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