Finanças Pessoais: fundamentos e dicas é, acabo de descobrir, o meu best seller. Não porque tenha sido o mais vendido, mas sim o mais lido. Da edição fÃsica, de mil exemplares, pouco mais da metade foi vendida, superando um pouquinho o valor gasto com a publicação. O restante foi doado a bibliotecas e deixado em lugares de grande circulação (pontos de ônibus urbanos, shopping centers, restaurantes etc.) , para serem encontrados e recolhidos ao acaso.
O que o torna meu best seller é o fato de estar no Top 2% no site Academia, com 20.778 views. Eu nem sabia que esse ranking existia. Descobri porque um amigo me deu a notÃcia do posicionamento incrÃvel desta minha pequena obra.
Dos livros que publiquei, acadêmicos e literários, Finanças Pessoais é o menos importante. Eu o escrevi, sem qualquer obrigação (aliás à revelia das muitas obrigações), por dois motivos. Primeiro, como economista, para fazer um contraponto aos livros de finanças pessoais daquele momento, que oportunÃstica e irritantemente primavam por vender a ilusão de enriquecimento fácil, especialmente com negócios na bolsa de valores. Segundo e fundamentalmente porque um dia uma senhora idosa, muito pobre, após uma palestra minha sobre orçamento público, num sindicato de Piracicaba, veio me perguntar se eu achava uma boa ideia adquirir um plano funerário. Foi uma conversa difÃcil. Ela sequer dava conta de comer, com o pouco que ganhava como faxineira. E estava preocupada com o próprio enterro. Eu pensei: "As pessoas precisam de uma noção básica de finanças pessoais, que não pode ser a pasmaceira (para classe média com vocação para aposentadoria precoce) que aà está, vendendo como água no segmento de auto-ajuda." E coloquei a mão na massa, resultando neste livrinho ingênuo, que se tornou o meu mais lido, graças à internet.
Não creio, entretanto, que meu esforço de linguagem chegou ao nÃvel desejado para atingir as pessoas mais simples e pouco afeitas à leitura. Mas vejo agora que há umas iniciativas para inserir finanças pessoais no currÃculo escolar - quem sabe aà o meu livrinho não se torna realmente útil, sem custo para professores e alunos e para os cofres públicos?
Durante as distribuições gratuitas que fiz, várias ocorrências me chamaram a atenção. Menciono duas. Um exemplar deixado num ponto de ônibus num caminho que faço com frequência lá permaneceu por duas semanas, sendo, enfim, destruÃdo pela chuva. Em outra ocasião, veio conversar comigo um guardador de carros, de uns vinte e poucos anos, num estacionamento de farmácia, que reclamava de seus ganhos não serem suficientes para o próprio sustento. Peguei no porta-malas um exemplar do Finanças Pessoais e lhe expliquei que poderia ajudá-lo. Ele agradeceu e saiu. Fiquei observando de longe, depois, para ver o que ele faria com o livro (estava esperando meu filho, que entrou para comprar um remédio, voltar para o carro). Quando a faxineira da farmácia, uma mulher com pouco menos de quarenta anos, veio varrer a calçada da frente, ele a chamou, conversou com ela mostrando o livro, e o deu a ela.