Quem sabe quem é desde cedo
tarda no reconhecimento de si como fruto, nunca maduro, do vir a ser.
E sem saber, de fato, o que é ser o que é,
segue sendo uma certeza escorregadia, presa com tênues fios artificiais,
com que pode um dia se enforcar.
E aquele que esperneia no vácuo em busca de chão,
desenha, mesmo sem saber,
no vazio expectante
do espaço
do tempo
do trato com o outro
um ser que dobra o futuro que ainda não é
sobre o passado que não mais é
dando a si mesmo um presente
jamais sólido, como a pedra
porém nunca impalpável como o ar:
líquido como a vida, rio lágrimas risos mistérios.
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