Não era possível continuar daquele jeito. Uma pedra, uma pequena brita que fosse, seria capaz de provocar um ferimento. E eu tinha um longo trajeto pela frente. Seria preciso trocar, por menos que eu quisesse. Seria fácil fazê-lo, pois eram abundantes os locais oferecendo muitas alternativas. Escolhi um na terceira ou quarta esquina depois do viaduto cruzado pelo metrô.
Fui atendido de pronto pela moça bonita, elegante e simpática, de cabelos pretos, longos e sedosos.
– O senhor deseja outro igual a este? – ela perguntou com um sorriso comercial e uma voz tão sedosa quanto os cabelos, apontando na direção dos moribundos.
Respondi que não, porque estava desejando conforto e praticidade.
– Temos uma variedade de modelos do tipo loafer. Que tal?
Ao meu titubeante OK ela perguntou a cor de minha preferência e eu respondi preta.
Ela era dura na queda. Então me perguntou:
– Penny, tassel ou horsebit?
– Você teria um mocassim?
Ela disse, então, quase me convidando a sair, a voz agora meio rascante: “Estamos em falta, senhor.”
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